Captação e reuso da água da chuva

domingo, 23 de janeiro de 2011


Captação e reuso da água da chuva
 
                  Uma das tecnologias de uso sustentável da água mais difundidas na atualidade é a de captação da água da chuva. No Brasil a legislação referente ao uso das águas da chuva  ainda está sendo formulada. Podemos citar a lei municipal de Curitiba (BRASIL, 2003), lei 10.785, de setembro de 2003;  São Paulo, um decreto publicado no Diário Oficial no dia 5 de janeiro de 2002 (BRASIL, 2002).   
 Segundo Cavalcanti (2001),"na região semi-árida do nordeste brasileiro, a quantidade de chuva é de aproximadamente 700 bilhões de metros cúbicos por ano, o que torna o semi-árido nordestino diferente das demais regiões semi-áridas do mundo. A maior parte dessa chuva não é aproveitada em todo o seu potencial pois, mesmo existindo grande quantidade de barreiros e açudes, 36 bilhões de metros cúbicos se perdem pelo escoamento superficial". E importante salientar que a constante pesquisa agrícola e disseminação de informações aos agricultores é extremamente urgente e necessária para aumentar fonte de renda dos pequenos produtores, unindo com o uso racional de recursos, conservação e recuperação de habitats. O mesmo autor relata que são poucos os pequenos agricultores que têm conhecimento de tecnicas de baixo custo de uso da água, como as cisternas rurais e barreiros. Em sua pesquisa sobre implantação de barreiros em comunidades nordestinas, de 17 famílias, 8 possuem barreiros. Caso a comunidade aprenda as técnicas de construção do barreiro, seus custos não ficam elevados.

 Além da cisterna rural, existem outras técnicas de captação como barreiro para irrigação suplementar, barragem subterrânea e cisternas de captação “in situ”. Brito (1999) ressalta a importância da barragem subterrânea como aquífero artificial para a reutilização de água no meio rural. Brito (1999, p. 112) cita que estas barragens subterrâneas são definidas como “barreiras formadas por paredes que partem da camada impermeável ou rocha até uma altura acima da superfície do aluvião, de forma que na época das chuvas forma-se um pequeno lago”. O autor ressalta que esta técnica é interessante por ser de baixo custo (estas barragens podem ser feitas com argila, pedra, alvenaria ou lona plástica). Porém, na construção da barragem, alguns fatores devem ser observados como precipitação média de região, vazões dos rios/riachos, granulometria dos solos, dentre outros, sendo necessário auxilio técnico. De acordo com Laschefski (2005), a barragem subterrânea, assim como poços rasos, são importantes principalmente para o reuso da água na agricultura. A mesma autora ressalta que, além da implementação da barragem subterrânea em comunidades rurais de baixa renda, seria interessante implementar juntamente um sistema de irrigaçao de baixo custo, baseado no conceito Mandala, e métodos de agroecologia para combater à erosão do solo.
Porto et al (1995) relata sua experiência com tecnologias de captação e reuso de água da chuva no semi-árido, dando enfoque principalmente às tecnologias tais como barreiro para "irrigação de salvação", cisternas rurais, captação "in situ" e exploração de vazante. Os mesmos autores citam que a tecnologia de captação "in situ" consiste na "modificação da superfície do solo, de maneira que o terreno entre as fileiras de cultivo sirva de área de captação da água da chuva". Este sistema é de fácil construção e baixo custo. Saha et al (2007) discorre sobre sua experiência na India com reuso de água da chuva,  particularmente com a criação de pequenos reservatórios de água chamados "Jalkund".  A construção  dos "Jalkunds" além de ser de baixo custo,  pode também ser considerada de fácil implementação. Este reservatório pode ser aproveitado não somente para o cultivo, como também  para a produção de peixes e consumo nos períodos de estresse hídrico.


 De acordo com Bortoli (2004), o reuso não potável das águas pode servir para diversas atividades, tais como: agrícolas (recarga do lençol subterrâneo e irrigação de plantas alimentíceas), industriais (refrigeração, águas de processos, utilização em caldeiras), recreacionais (irrigação de plantas ornamentais, campos de esportes, parques, enchimento de lagoas ornamentais), domésticos (rega de jardins residenciais e descargas sanitárias) e aqüicultura (produção de peixes e plantas aquáticas) e recarga de aqüíferos subterrâneos. De acordo com Philippi et al (2005), a substituição da água potável por águas de chuva pode ser feita sem prejuízo a saúde caso sejam tomadas as devidas precauções (ex: utilização de filtro de areia seguido de desinfecção). 

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