Moda com desperdícios

domingo, 18 de dezembro de 2011

Adesigner boliviana Marion Macedo pode não conhecer Lavoisier, mas segue à risca o seu célebre princípio de que “na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. E assim acrescenta uma dimensão eclética e ecológica aos desfiles de moda na Europa, América e Ásia.
Cada vestido é único, um trabalho amigo do ambiente que demora cerca de uma semana a fazer à mão, sendo vendido por 250 dólares. Marion Macedo faz a maior parte do trabalho sozinha. «Não só reciclamos o papel, como também usamos corantes vegetais, conchas de cacau e até fazemos os nossos próprios adesivos naturais», revela a designer, acrescentando que o seu objectivo é ser o mais «ecologicamente pura quanto possível».
Descrevendo-se como uma designer amadora, no passado, Marion Macedo comprava os seus próprios materiais e reciclava resíduos domésticos, incluindo os CDs descartados pelo seu marido fotógrafo.
Desde que começou em 2005, Marion já foi convidada a apresentar o seu trabalho ao nível internacional, incluindo na Semana de Moda de Amesterdão em 2006, no Festival do Chocolate de Paris em 2008, em desfiles de moda em Tóquio nos anos de 2007 e 2010 e, no ano passado, em Madrid.
No seu sétimo desfile de moda, intitulado “Recycle Yourself”, que decorreu em Novembro na cidade de La Paz, na Bolívia, uma modelo apresentou um vestido de papel branco tricotado com dois grandes folhos, um no pescoço e outro em torno da bainha, feitos de sacos de polietileno cor-de-rosa. «O papel é um bom material para trabalhar», afirma a designer, que aprendeu a “dar-lhe movimento” como o tecido. «É o material com que me sinto mais confortável», confessa.
A estilista Claudia Perez considera o trabalho de Marion como «mais arte do que moda», na medida em que foi criado para ser exibido em vez de utilizado. “É uma obra de arte (...) bem feita e criativa.”
Os desenhos podem ser principalmente para exposição, mas Marion refere que tem encomendas para peças de vestuário, bem como para acessórios como xailes, peças para o pescoço e flores de papel. As suas clientes são na maioria mulheres de classe média que desembolsam entre 50 e 100 dólares para comprar um cobertor feito à mão, uma das peças mais vendidas.
Marion teve formação como designer de papel de parede e tornou-se numa designer de vestuário quase por acidente, quando o marido fez um ensaio fotográfico com um manequim vestido com um fato, fabricado de forma grosseira em papel de jornal.
Em 2007, a designer ganhou um prémio de criatividade atribuído pela Latin American Design Association, sedeada em Buenos Aires.
http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/40281/xmview/2/ID//Default.aspx

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