RECICLAGEM DE TECIDOS - PROCESSO

domingo, 5 de agosto de 2012

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Publicado em por hayrton   
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Uma leitora pede alguma coisa sobre a reciclagem de retalhos de tecidos. Apesar de ser pequena no Brasil, a reciclagem de resíduos têxteis existe, principalmente com o uso de restos de tecido no artesanato. A impossibilidade de reciclagem industrial pós-consumo é conseqüência do estado em que os tecidos se encontram após serem descartados (sujos, rasgados e parcialmente degradados) e também pelo pouco volume concentrado, o que inviabiliza comercialmente a reciclagem. É possível que fábricas utilizem aparas têxteis de outras empresas, que seriam incorporadas ao processo produtivo, evitando que se tornem resíduos, mas esta não é uma prática comum no país.
Dessa forma, a reciclagem industrial transforma o tecido em matéria prima para indústrias de tecido não-tecido, colchões, papel moeda, produtos medicinais, automobilísticos, mobiliário e metalurgia. Mas, o processo de reciclagem de resíduos têxteis é complexo. Para que volte a ser fio novamente, esse material deve ser separado por matéria-prima e comprimento de fibra e depende de uma separação eficiente.
Uma sugestão para o aproveitamento desses resíduos, sem muita complexidade, seria na produção de estopas, em que não é necessário a eliminação dos tingimentos, mas só a fragmentação dos retalhos. Logo, deve-se procurar reutilizar ao máximo todos os panos e restos de tecidos antes de serem descartados. Roupas velhas devem ser doadas ou consertadas. Quando não puder mais ser utilizada como vestimenta, ainda encontra uso como pano de chão e de limpeza bruta.
A reciclagem artesanal ou reutilização das sobras de tecido para artesanato é economicamente viável e tem forte efeito de conscientização. Os artesãos confeccionam bonecas de pano, ecobags, colchas, tapetes, roupas, porta documentos, capas de caderno, marcadores de livros e uma infinidade de objetos, se valendo de talento e criatividade.
Na verdade, para se produzir um tecido, é necessário algum tipo de matéria prima, como o algodão, por exemplo. A primeira etapa da industrialização consiste em transformar essa matéria prima bruta em beneficiada, de modo que a torne adequada para começar o processo de industrialização do tecido. Neste processo já há desperdício, considerando as impurezas que são descartadas no beneficiamento da matéria prima.
A segunda etapa é a fiação e consiste em transformar o algodão, por exemplo, em fio (um conjunto de fibras entrelaçadas), tendo como desperdício a sobra de fios devido às emendas, o que geralmente é chamado de estopas. A tecelagem é a terceira etapa e consiste na transformação do fio em tecido. Nessa etapa, há perdas como: pontas de tecidos e ourela falsa, que é a rebarba que sobra no tear quando confeccionado o tecido.
A quarta etapa consiste no beneficiamento. Através de processos físicos e químicos, o beneficiamento confere aos tecidos suas características definitivas, tais como cor, encolhimento, largura, etc. É nesta etapa que se controla o encolhimento, o peso, a resistência, o toque, fios/cm, títulos e solidez de cor à lavagem, ao atrito, à luz e ao cloro.
Após todos os processos, o tecido é tingido quando necessário. Tingimento é o ato de colorir o tecido em toda sua superfície e em ambos os lados. No processo de tingimento, há desperdícios de tintas, produtos químicos entre outros, quando o operador não confia na receita do laboratório e acrescenta mais tinta. Atualmente, muitas empresas optam por fazer a solução de cada tingimento em laboratórios para que não haja desperdício e nem poluição ao meio ambiente.
Depois de acabada a industrialização do tecido, este é embalado para evitar que acumule sujeira ou fique molhado. As perdas nesse momento são as embalagens danificadas. Após ser embalado, o tecido é etiquetado de acordo com a descrição, qualidade, comprimento, largura entre outros. Neste processo o desperdício pode ser a etiqueta com falhas ou até mesmo rasgadas.
Portanto, em todo o processo de industrialização do tecido, há perdas variadas. Para se produzir uma camisa, por exemplo, são necessários, além do tecido, a linha, entretela, botões, etiquetas, etc. Muitas vezes, o processo desta industrialização envolve o tingimento de botões. Tudo é projetado com o objetivo de minimizar os desperdícios, porém sabe-se que em qualquer processo produtivo existem variações e, perdas são inevitáveis. As embalagens danificadas, as caixas de papelão, os restos de tecidos, os botões quebrados, as etiquetas com falhas são alguns exemplos de resíduos gerados no processo de industrialização de uma camisa.
Já existem no país, algumas empresas que reciclam tecidos. Normalmente estas empresas compram resíduos de tecidos já separados por cor. O processo de reciclagem do tecido é feito da seguinte maneira: máquina trituradora (rasga o tecido em vários pedacinhos até quase se desmanchar, ficando sem fibra); adiciona-se poliéster ao tecido em uma nova máquina que mistura os dois produtos formando fibras mistas; a maçaroqueira enrola a fibra de algodão em uma bobina; o filatório faz o fio/barbante. Nota-se que neste processo de reciclagem, o tecido passa a ser novamente a matéria prima que dá continuidade ao novo processo de industrialização.
Várias fábricas e lojas já se preocupam em ter peças com tecidos sustentáveis, desde camisetas feitas com garrafas PET recicladas até tecidos inovadores, como fibras de bambu ou o Ecosimple. O Ecosimple surgiu da reciclagem de retalhos de tecido. Para isso, os retalhos são recolhidos nas indústrias e levados para cooperativas, onde são separados por cor. Depois disso, passam por vários processos, todos livres de tratamentos químicos, para serem fiados novamente e formar outro tecido, novo.
Claudio Rocha, diretor comercial da SimpleTex, fabricante do Ecosimple, fala que uma das maiores dificuldades da empresa foi o grande investimento que tiveram que fazer em tecnologia, mão de obra e equipamentos. “O grande diferencial de um produto sustentável está no aspecto social, através dos nossos produtos procuramos fomentar a devida valorização da preservação da biodiversidade ambiental, social e cultural”, comenta Claudio.
A Ekosfera possuí diversas opções de camisetas em algodão orgânico e de PET reciclado. “Caracterizamos nosso projeto como inovador, pois quando a Ekosfera nasceu não havia no setor de comércio eletrônico uma proposta igual a nossa, e todo projeto inovador tem um caráter experimental e grandes desafios a serem superados”, comenta Graziela Fernanders, uma das idealizadoras da marca. Para ela, uma das maiores dificuldades de uma marca sustentável é a aceitação do público, já que os produtos costumam ser um pouco mais caros que os feitos de materiais convencionais. A diferença de preço ocorre principalmente pela pouca oferta e alto preço de matérias-primas ecológicas e certificadas, além da falta de incentivo fiscal do governo. Outro cuidado da marca é garantir a procedência dos materiais e o lado social dos parceiros.
A Raiz da Terra aproveita vários materiais na produção de tecidos, como fibra de bambu e utiliza tecidos produzidos a partir de matérias primas naturais, orgânicas, reutilizáveis e biodegradáveis. A marca é uma das pioneiras no uso do Tecno Bambu, tecidos de fibras de bambu com funções antibacterianas e desodorizantes. Além disso, é 100% biodegradável. Novamente, a dificuldade para uma maior utilização do tecido é o preço final do produto. “O produto final acaba ficando pouco competitivo em relação à concorrência que utiliza geralmente malhas de viscose, que custa a metade do preço”, fala Cassius Silva, da Nature Wear.
A fabricante de tecidos reciclados Denovo está lançando um jeans feito de PET e retalhos descartados por confecções reciclados que dispensam sistemas de tingimento e lavagem e economizam água. “Nosso jeans contêm 27% de PET e 73% de jeans desfibrado”, disse Ric Viana, consultor de marketing da empresa. “O PET garante estrutura ao fio, que já foi lavado [pela confecção] e por isso não é mais engomado”. A técnica, além de reaproveitar retalhos de tecidos que seriam jogados fora, economiza água e energia, pois os tecidos já vem coloridos para a Denovo, guardando a sua coloração original.
A Denovo compra retalhos de jeans dispensados por confecções, desfibra esses retalhos e realiza uma nova tecelagem que une os fios oriundos dos retalhos com fios originados da reciclagem de PET. Quando retorna pela segunda vez às confecções, o tecido também economiza água, já que dispensa a lavagem, por ter perdido a sua goma na lavagem realizada pela primeira confecção pela qual passou.
http://qualidadeonline.wordpress.com/2010/10/22/reciclagem-de-tecidos/