PROJETO ARCO NORTE - LONDRINA -PR

quinta-feira, 30 de maio de 2013

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MOVIMENTO EM DEFESA DA MATA DOS GODOY EM DETRIMENTO DA CONSTRUÇÃO DE UM GRANDE EMPREENDIMENTO LOGÍSTICO. 
" A SOCIEDADE DESDE QUE ORGANIZADA CONSEGUE OBTER RESULTADOS EFETIVOS EM PROL DO MEIO AMBIENTE. TEMOS QUE ENTENDER QUE PARA UMA CIDADE, ESTADO OU PAÍS CRESCER E SE DESENVOLVER NÃO SIGNIFICA DESMATAR DE FORMA IRRESPONSÁVEL, OCUPAR ÁREAS DE NASCENTES, POLUIR RIOS OU DESTRUIR FAUNA E FLORA. VIVEMOS EM PAÍS DE PROPORÇÕES CONTINENTAIS, TEMOS ESPAÇO PARA CRESCIMENTO SEM AFETAR O POUCO QUE NOS RESTOU DE ÁREAS DE RESERVA E PRESERVAÇÃO. TEMOS QUE LUTAR PARA QUE PREVALEÇA SEMPRE O BOM SENSO."
Rio Apertado, urgente!
Transpondo divisores de sub-bacias hidrográficas do Paranazão, o Movimento Pró Ivai/Piquiri participou de reunião realizada pela Associação dos Amigos da Mata do Godoy e ONG MAE, no salão paroquial da Paróquia de Santana, na localidade de Patrimônio Regina, em Londrina-PR.
O evento, com cerca de 100 participantes, recepcionados pela anfitriã Maria Helena Godoy Tenório e irmãos, contou com a presença do prefeito municipal Alexandre Kireeff e do secretário municipal de agricultura, Guilherme Casanova Junior, dos professores da UEL, Drs. José Marcelo Torrezan, Mário Luis Orsi e Alba Cavalheiro e de diversos acadêmicos e moradores da localidade, além da advogada Roberta Queiroz, representando o Conselho Municipal de Meio Ambiente.
Em discussão, os efeitos da proposta de construção de aeroporto de cargas de projeto denominado "Arco Norte" em área contígua ao Parque Estadual da Mata dos Godoy, a mais importante unidade de conservação nas proximidades de Londrina-PR.
Mais do que a Mata dos Godoy, a região do Patrimônio Regina compreende um mosaico de remanescentes florestais da bacia hidrográfica do rio Apertado (e Cafezal), contribuinte do Tibagi, utilizada como manancial de abastecimento  para Londrina, Cambé e Apucarana, além de prestar diversos outros serviços ambientais para a região, conforme palestra do gestor ambiental Gustavo Góes, da ONG MAE e do professor doutor José Marcelo Torrezan, este representando a comunidade científica da UEL.
Por conta da mobilização da comunidade local, representação do Ministério Público Estadual (Dra. Solange Vicentin) e profunda avaliação sobre as origens e condições do projeto "Arco Norte" como originariamente proposto e ainda alardeado por certos setores econômicos da sociedade , o prefeito municipal Alexandre Kireeff, que solicitou a oportunidade de se fazer presente junto à comunidade, declarou expressamente não acreditar na viabilidade da construção de aeroporto de cargas nas proximidades do Parque Estadual Mata dos Godoy, tendo revogado o Decreto 1024/09, que declarava de utilidade pública para fins de construção de aeroporto área circundante da unidade de conservação e outra áreas de florestas próximas.
Na oportunidade, representando o CAOPMA, o promotor de justiça Robertson de Azevedo, além de discorrer sobre a necessidade de licenciamento ambiental do projeto proposto e do papel do Plano Diretor na preservação da bacia do rio Apertado como manancial de abastecimento público, rapidamente expôs a apresentação "Políticas Públicas e Representações Sociais", que trata exatamente das estratégias de mobilização da população em articulação com as universidades e outras entidades sociais, visando a proteção de patrimônio comum, tendo como exemplo o Movimento Pró Ivaí/Piquiri.
No caso da Mata dos Godoy, a articulação da comunidade local, organizada na Associação dos Amigos, aliada à ONG MAE e à comunidade acadêmica da UEL, com o apoio do Ministério Público, conseguiu demonstrar ao atual gestor municipal a inviabilidade do projeto originariamente proposto.
Organizada, a sociedade muito pode.
Viva os rios!

" A MORTE PELA CAMISA QUE USAMOS "

sexta-feira, 10 de maio de 2013

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Publicado por romildo de paula leite em 10 maio 2013 às 10:39


RICHARD GREENWALD E MICHAEL HIRSCH
A morte de mais de 800 operários de uma fábrica de confecção instalada no Rana Plaza, em Bangladesh, que desabou no dia 24, é uma tragédia que coloca em foco os problemas generalizados existentes no setor global do vestuário. Mas será a faísca que finalmente produzirá as tão necessitadas reformas em âmbito global?
Depois de desastres como o de Rana ou o incêndio em outra fábrica de confecção – também em Bangladesh, em novembro –, a tendência é bancarmos o detetive e colocar a culpa em alguém, seja o proprietário do imóvel, a corrupção, as leis permissivas ou a fiscalização inexistente.
Artigos e artigos na imprensa concentraram-se em descobrir a prova definitiva, como se houvesse uma única causa – sem a qual os operários hoje estariam sãos e salvos. Ou então, a cobertura das tragédias é conduzida como se fossem desastres naturais, que despertam a compaixão pública até a atenção da sociedade voltar-se para o próximo incidente.
Sim, buscamos justiça. Mas no ímpeto de resolver o caso ou ajudar as vítimas nos recusamos a ver os verdadeiros culpados: a indústria global do vestuário e nós mesmos – pois somos cúmplices quando apoiamos ou ignoramos um sistema de comércio e terceirização do trabalho cuja finalidade é contornar regulamentos de todos os tipos, na busca do lucro máximo em detrimento das pessoas.
De acordo com Juliet Schor, professora de Sociologia do Boston College, o custo das roupas em dólares caiu 39% desde 1994.
Temos de nos perguntar até que ponto a nossa demanda por uma camiseta de US$ 5 e enormes descontos num jeans não são responsáveis por desastres como esses.
O que ocorreu em Rana foi comparado ao incêndio, em 1911, na fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York. Ambos os desastres ocorreram em fábricas de roupas e resultaram em muitas mortes (na Triangle, foram 146). O incêndio na fábrica de Nova York permaneceu na memória coletiva dos americanos e tornou-se um exemplo dos terríveis problemas de um país em fase de industrialização.
Lembramos do incêndio não em razão das mortes – uma vez que trabalhadores infelizmente morrem regularmente na indústria americana –, mas porque fomos forçados a confrontá-lo. Os trabalhadores do setor de confecção recusaram-se a retornar silenciosamente ao trabalho.
Seus protestos em massa e a cólera coletiva obrigaram os consumidores de classe média a encarar a própria culpa e juntos pleitearam mudanças políticas.
Com essas mudanças foram aprovados novos códigos de saúde e segurança, reformas nas leis trabalhistas e regulamentos modernos para uma indústria primitiva. Essas reformas iniciadas para os trabalhadores do setor de vestuário acabaram sendo adotadas para todos os trabalhadores em Nova York e fizeram do Estado um modelo para a nação.
O simples fato de tudo isso ter sido o resultado de trabalhadores exercendo seus direitos foi esquecido no relato da história da fábrica Triangle, ao passo que muita atenção é dada às portas trancadas com correntes ou às violações de códigos de edificações – que se tornaram um mito urbano e se desviam da verdade.
Naturalmente, não podemos ignorar a responsabilidade do proprietário da empresa ou do prédio – ou das autoridades locais. Mas se nos concentrarmos inteiramente neles vamos nos iludir em relação aos problemas de fato.
Em vários aspectos o setor do vestuário permanece inalterado desde 1911. Ele ainda é ferozmente competitivo, com margens mínimas. E ainda é dominado pelo sistema de terceirização.
Hoje as grandes lojas e marcas contratam a produção dos fabricantes porque elas não possuem meios próprios. Então, as empresas contratantes terceirizam o trabalho para outras, reduzindo um pouco suas margens.
A distância entre a marca e os que fabricam a roupa é grande e com frequência desconhecida, oculta nos diversos estágios do processo. E cada fase depende da capacidade de contratação de mão de obra cada vez mais barata para aumentar os lucros. As localizações dessas fábricas mudaram, mas o sistema permanece.
Nossas roupas vêm de locais como Rana onde, como em 1911, o operário médio é uma jovem trabalhando em condições terríveis por um salário de fome.
Logo após o incêndio na Triangle Shirtwaist, durante um funeral, a sindicalista Rose Schneiderman levantou-se e discursou para a multidão. Suas palavras deveriam nos sensibilizar ainda hoje. “Toda semana fico sabendo da morte prematura de uma das minhas colegas de trabalho. Anualmente milhares são mutiladas. Por que a vida de homens e mulheres é tão barata e a propriedade tão sagrada? Existem tantos de nós para uma vaga que pouco importa se 146 morreram queimados. Nos ofereceram alguns dólares para as mães, irmãos e irmãs desolados, como se fosse um donativo, a título de caridade. Mas cada vez que os trabalhadores protestam da única maneira que conhecem contra as condições de trabalho insuportáveis, a mão forte da lei é usada para nos pressionar vigorosamente.”
Rana deve ser tão importante para nós, no plano global, quanto o incêndio da Triangle. Deve nos forçar a acordar e, como consumidores, apoiar os trabalhadores que fabricam nossas roupas.
Temos a responsabilidade moral de exigir que as roupas de marcas que usamos não sejam costuradas com sangue. Se não fizermos nada e simplesmente esperarmos pela próxima tragédia, continuaremos culpados, como foi delatado por Rose Schneiderman em 1911.
PUBLICADO NO ESTADÃO

TRANSFORMAÇÃO DE LIXO ORGÂNICO EM UM BOM NEGÓCIO

domingo, 5 de maio de 2013

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Edição do dia 05/07/2012
06/07/2012 01h45 - Atualizado em 06/07/2012 01h45

 

A destinação inteligente do lixo úmido já é realidade em várias empresas do Brasil. Uma delas consegue faturamento médio de R$ 100 mil por mês.

Lixo é um negócio lucrativo, e muito positivo para o meio ambiente, desde que tratado corretamente. O que se joga fora de comida por ano no Brasil daria para alimentar 30 milhões de pessoas. É a população do Iraque.Cada um de nós gera em média um quilo de lixo por dia e mais da metade disso é matéria orgânica. São 22 milhões de toneladas de alimentos que para na lixeira. Resíduos que se transformam em uma bomba-relógio ambiental na maioria das cidades brasileiras. Abandonados a céu aberto, os resíduos orgânicos vão parar nos lixões, viram chorume, que contamina as águas subterrâneas. Gás metano, que agrava o efeito estufa. Atraem ratos, moscas e baratas, que transmitem doenças. É nesses locais que milhares de pessoas acabam vivendo, na tentativa arriscada de ganhar a vida, mas há quem já enxergue no lixo uma maneira correta de trabalhar e excelentes oportunidades de negócio. A destinação inteligente do lixo úmido já é realidade em várias empresas do Brasil. De restinho em restinho chega-se a cinco toneladas de lixo por mês numa fábrica de produtos de beleza. “Antes a gente desenhava o procedimento mandando para aterro e hoje a gente utiliza nosso parceiro para fazer a compostagem então é um ganho para sociedade”, fala o diretor da Lóreal Brasil, Rogério Barbosa.Numa outra fábrica de equipamentos, os recicláveis são separados num galpão e mais recentemente, o lixo orgânico também passou a ter um destino mais nobre. Sem gastar um centavo a mais. “A gente consegue evitar que vá a aterros sanitários, cerca de 3 mil kg de resíduos orgânicos por mês”, fala o gerente de fabricação de equipamentos da White Martins, Giovani Santini Campos. Acompanhamos a rotina de uma das primeiras empresas do Brasil a transformar lixo orgânico em negócio lucrativo. O material é levado para um imenso galpão em Magé, na região metropolitana do Rio, onde acontece a compostagem.“A compostagem de forma natural duraria em torno de cinco a seis meses. Através de um líquido, que funciona como catalisador do processo, a gente acelera isso para em média 40 dias”, explica o diretor comercial da Vide Verde, Marcos Rangel.Outra vantagem desse sistema é que ele reduz drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global. Nos aterros de lixo, gera-se 400 gramas de gás para cada quilo de lixo orgânico. Nas composteiras, essa emissão fica em torno de quatro gramas, por quilo, 100 vezes menos.O que antes era resto de comida vira material seco, sem cheiro ou riscos para a saúde. Misturado à terra preta, o composto é ensacado para então se transformar em um produto cobiçado no mercado de jardinagem.Quem quiser pode produzir adubo orgânico dentro de casa. Em pelo menos cinco mil domicílios brasileiros, a Minhocasa é o destino final do lixo orgânico.“O resíduo orgânico que a gente pode colocar dentro desse minhocário pode ser desde as cascas de frutas e verduras, os talos, como também o alimento que já foi cozido como sobra de arroz, feijão, macarrão, casca de ovo, borra de café, pão embolorado, tudo isso é bem-vindo”, conta o sócio-fundador da Minhocasa, César Cassab Danna.
O sistema inspirado num modelo de política pública adotada da Austrália funciona até em apartamentos pequenos. Em caixas fechadas, que não exalam mau cheiro, as minhocas realizam de graça a conversão do lixo em adubo.

Plantação de árvores se torna solução para mitigar efeito estufa

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Edição do dia 02/05/2013 03/05/2013 06h23 - Atualizado em 03/05/2013 07h42  Especialistas usam a calculadora de CO2.

É possível fazer a conta para qualquer atividade, e já tem quem faça isso.

André Trigueiro
Em tempos de aquecimento global, plantar árvores passou a ser um bom negócio, principalmente para quem quer compensar os gases de efeito estufa emitidos nas mais diferentes atividades do dia-a-dia.Você já se deu conta de que quase tudo o que a gente faz resulta na emissão de gases de efeito estufa? Principalmente o tal do dióxido de carbono, mais conhecido como CO2.Um carro flex, com motor 1.4, que roda 100 quilômetros por mês, emite 110 quilos de CO2. Uma ponte aérea São Paulo – Rio de Janeiro, ida e volta, é rapidinha, mas lá se vão 130 quilos de gás carbônico por pessoa.
Se você paga R$ 100 de conta de luz por mês, está emitindo mais 150 quilos. Só esses três exemplos dão um total de 390 quilos de CO2. Ou seja, você precisaria plantar duas árvores para compensar essa emissão e esperar de 30 a 40 anos até elas ficarem adultas para ficar quite com a atmosfera.A conta é complexa. Os especialistas usam a chamada calculadora de CO2, que faz a conversão dos gases emitidos em árvores que precisam ser plantadas para compensar o dano. Se for espécie nativa da Mata Atlântica, por exemplo, cada árvore é capaz de estocar em média 190 quilos de dióxido de carbono na fase adulta. É possível fazer a conta para qualquer atividade, e já tem quem faça isso. A Iniciativa Verde, por exemplo, foi uma das pioneiras neste mercado. Já plantou quase 500 mil árvores em mais de mil projetos de compensação.Seis grandes lojas de uma rede de material de construção espalhada pelo Brasil tiveram os gases de efeito estufa emitidos, quando foram construídas, compensadas com o plantio de árvores. Até o momento, essa conta fechou em 55 mil mudas de árvores plantadas.
“Para cada quilo de concreto produzido, a gente emite para a atmosfera, 100 gramas de gás carbônico. O alumínio já é um material bem mais exigente. Para cada quilo de alumínio produzido, são seis quilos de gás carbônico emitidos para a atmosfera. Então, a gente tem que levar em consideração as particularidades de cada material para fazer a contabilização total de gás carbônico emitida por ordem da construção da loja”, diz Magno Castelo Branco, diretor técnico da Iniciativa Verde. Aplicando a calculadora de carbono, o uso de 15 mil toneladas de concreto em uma única loja (1.635 toneladas de CO2) resultou no plantio de 8.605 árvores; 324 toneladas de cimento (292 toneladas de CO2) viraram 1537 árvores; e 233 toneladas de aço (247 toneladas de CO2), 1.300 novas árvores. “Com as seis lojas, nós compensamos em torno de R$ 500 mil”, afirma Andreia Abreu, gerente de projetos e obras – Leroy Merlin. Quem paga pelo serviço acompanha online o crescimento das mudas com direito a imagens de satélite de mapas digitalizados. A lista dos clientes da organização é grande, e vai de grupos de pagode a editoras de livros e feiras de moda. Todas as árvores são plantadas em áreas degradadas nas margens dos rios. A reportagem foi a São Carlos, a 230 quilômetros de São Paulo, para conhecer uma das áreas onde a compensação de carbono é feita. Na cidade, os proprietários rurais são obrigados por lei a proteger com vegetação uma faixa com 50 metros de largura dos dois lados dos rios. São áreas de proteção permanente. Nem todos os proprietários rurais conseguem ou querem cumprir a legislação. “Não tinha nada aqui, era só vegetação de capim. Aqui foram plantadas 4 mil mudas, sendo de 85 espécies diferentes”, diz Flavio Roberto Marchesin, produtor rural. Flávio mostra com orgulho a floresta que protege o rio responsável por 40% da água servida em São Carlos. De agricultor, transformou-se em parceiro do projeto. É dele o mudário de onde saem as novas gerações de árvores que vão esverdeando aos poucos as propriedades dos vizinhos.O sítio acolhe um centro ambiental onde os alunos das escolas da região agendam visitas para ver de onde vem a água da cidade, como transformar o lixo orgânico em adubo e, finalmente, a lição mais esperada do dia, como plantar a árvore.Da tranquila zona rural, para o ronco dos motores de Rio Claro, a 150 quilômetros de São Paulo, a locadora de carros lançou a ideia em 2009. “A empresa passa para nós um relatório das locações. A gente faz o calculo total de quilômetros, que foram percorridos com cada tipo de veículo, e a gente chega no total de emissões”, diz o diretor executivo Leandro Aranha. “Eu acho que é você incentivar e buscar uma consciência nas pessoas que alugam, então não é uma coisa obrigatória. A gente dá a possibilidade de a pessoa escolher participar do programa. Eu acho que o resultado é bem satisfatório”, diz Marcela Moreira, diretora de marketing – Movida Rent a Car. E quando se trata de um mega evento como as Olimpíadas? O Brasil assumiu o compromisso de compensar as emissões dos jogos de 2016. Segundo o secretário do Ambiente, serão plantadas 24 milhões de árvores até dezembro de 2015. No mapa, aparecem as metas assumidas pelas dez maiores empresas do estado. No site, o plantio feito por voluntários é atualizado online. “Esses 24 milhões provavelmente vão abater as emissões da Olimpíada e também as emissões da Copa do Mundo. Vão ser três em um. Com a mesma árvore, você capta carbono, protege o recurso hídrico e expande os corredores de biodiversidade”, afirma Carlos Minc, secretário estadual do Ambiente do Rio de Janeiro.

Plantação de árvores se torna solução para mitigar efeito estufa

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Edição do dia 02/05/2013
03/05/2013 06h23 - Atualizado em 03/05/2013 07h42

Especialistas usam a calculadora de CO2.

É possível fazer a conta para qualquer atividade, e já tem quem faça isso.

André Trigueiro
Em tempos de aquecimento global, plantar árvores passou a ser um bom negócio, principalmente para quem quer compensar os gases de efeito estufa emitidos nas mais diferentes atividades do dia-a-dia.
Você já se deu conta de que quase tudo o que a gente faz resulta na emissão de gases de efeito estufa? Principalmente o tal do dióxido de carbono, mais conhecido como CO2.
Um carro flex, com motor 1.4, que roda 100 quilômetros por mês, emite 110 quilos de CO2. Uma ponte aérea São Paulo – Rio de Janeiro, ida e volta, é rapidinha, mas lá se vão 130 quilos de gás carbônico por pessoa.
Se você paga R$ 100 de conta de luz por mês, está emitindo mais 150 quilos. Só esses três exemplos dão um total de 390 quilos de CO2. Ou seja, você precisaria plantar duas árvores para compensar essa emissão e esperar de 30 a 40 anos até elas ficarem adultas para ficar quite com a atmosfera.
A conta é complexa. Os especialistas usam a chamada calculadora de CO2, que faz a conversão dos gases emitidos em árvores que precisam ser plantadas para compensar o dano. Se for espécie nativa da Mata Atlântica, por exemplo, cada árvore é capaz de estocar em média 190 quilos de dióxido de carbono na fase adulta.
É possível fazer a conta para qualquer atividade, e já tem quem faça isso. A Iniciativa Verde, por exemplo, foi uma das pioneiras neste mercado. Já plantou quase 500 mil árvores em mais de mil projetos de compensação.
Seis grandes lojas de uma rede de material de construção espalhada pelo Brasil tiveram os gases de efeito estufa emitidos, quando foram construídas, compensadas com o plantio de árvores. Até o momento, essa conta fechou em 55 mil mudas de árvores plantadas.
“Para cada quilo de concreto produzido, a gente emite para a atmosfera, 100 gramas de gás carbônico. O alumínio já é um material bem mais exigente. Para cada quilo de alumínio produzido, são seis quilos de gás carbônico emitidos para a atmosfera. Então, a gente tem que levar em consideração as particularidades de cada material para fazer a contabilização total de gás carbônico emitida por ordem da construção da loja”, diz Magno Castelo Branco, diretor técnico da Iniciativa Verde.
Aplicando a calculadora de carbono, o uso de 15 mil toneladas de concreto em uma única loja (1.635 toneladas de CO2) resultou no plantio de 8.605 árvores; 324 toneladas de cimento (292 toneladas de CO2) viraram 1537 árvores; e 233 toneladas de aço (247 toneladas de CO2), 1.300 novas árvores.
“Com as seis lojas, nós compensamos em torno de R$ 500 mil”, afirma Andreia Abreu, gerente de projetos e obras – Leroy Merlin. Quem paga pelo serviço acompanha online o crescimento das mudas com direito a imagens de satélite de mapas digitalizados.
A lista dos clientes da organização é grande, e vai de grupos de pagode a editoras de livros e feiras de moda. Todas as árvores são plantadas em áreas degradadas nas margens dos rios.
A reportagem foi a São Carlos, a 230 quilômetros de São Paulo, para conhecer uma das áreas onde a compensação de carbono é feita. Na cidade, os proprietários rurais são obrigados por lei a proteger com vegetação uma faixa com 50 metros de largura dos dois lados dos rios.
São áreas de proteção permanente. Nem todos os proprietários rurais conseguem ou querem cumprir a legislação. “Não tinha nada aqui, era só vegetação de capim. Aqui foram plantadas 4 mil mudas, sendo de 85 espécies diferentes”, diz Flavio Roberto Marchesin, produtor rural.
Flávio mostra com orgulho a floresta que protege o rio responsável por 40% da água servida em São Carlos. De agricultor, transformou-se em parceiro do projeto. É dele o mudário de onde saem as novas gerações de árvores que vão esverdeando aos poucos as propriedades dos vizinhos.
O sítio acolhe um centro ambiental onde os alunos das escolas da região agendam visitas para ver de onde vem a água da cidade, como transformar o lixo orgânico em adubo e, finalmente, a lição mais esperada do dia, como plantar a árvore.
Da tranquila zona rural, para o ronco dos motores de Rio Claro, a 150 quilômetros de São Paulo, a locadora de carros lançou a ideia em 2009. “A empresa passa para nós um relatório das locações. A gente faz o calculo total de quilômetros, que foram percorridos com cada tipo de veículo, e a gente chega no total de emissões”, diz o diretor executivo Leandro Aranha.
“Eu acho que é você incentivar e buscar uma consciência nas pessoas que alugam, então não é uma coisa obrigatória. A gente dá a possibilidade de a pessoa escolher participar do programa. Eu acho que o resultado é bem satisfatório”, diz Marcela Moreira, diretora de marketing – Movida Rent a Car.
E quando se trata de um mega evento como as Olimpíadas? O Brasil assumiu o compromisso de compensar as emissões dos jogos de 2016. Segundo o secretário do Ambiente, serão plantadas 24 milhões de árvores até dezembro de 2015.
No mapa, aparecem as metas assumidas pelas dez maiores empresas do estado. No site, o plantio feito por voluntários é atualizado online. “Esses 24 milhões provavelmente vão abater as emissões da Olimpíada e também as emissões da Copa do Mundo. Vão ser três em um. Com a mesma árvore, você capta carbono, protege o recurso hídrico e expande os corredores de biodiversidade”, afirma Carlos Minc, secretário estadual do Ambiente do Rio de Janeiro